Hospital Samuel Libânio atinge a marca de 117 transplantes renais realizados
Provando a qualidade e competência de seus profissionais, o HCSL atinge a marca de 117 transplantes renais entre doadores vivos e falecidos
Apesar da crise financeira que se instalou no Hospital das Clínicas Samuel Libânio (HCSL), que é mantido pela Fundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí (FUVS), os profissionais têm se mostrado confiantes e entusiasmados, prova disso é o número de transplantes renais realizados na instituição; 117 entre doadores vivos e falecidos. A última captação dos órgãos realizada no Samuel Libânio ocorreu no dia 17 de setembro e o doador ofertou além dos rins, as córneas, que seguiram para o Banco de Olhos de Alfenas (MG), e o coração, encaminhado para Brasília (DF).
Tudo transcorreu bem durante o procedimento que durou mais de quatro horas. Os dois pacientes que receberam os rins, um da cidade de Heliodora (MG) e o outro de Alfenas (MG) estão em bom estado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital e devem permanecer lá por, no máximo, dois dias, conforme os trâmites normais.
Estava à frente dessas cirurgias uma grande equipe de captação, que envolve médicos e enfermeiros. Para os transplantes foi necessário acionar equipes de anestesia; urologia (quatro médicos); cirurgia vascular (dois médicos); nefrologistas (sete médicos) e intensivistas.
Chegando a esse número marcante, a expectativa é grande no HCSL e ninguém melhor do que a coordenadora de transplantes renais do Samuel Libânio, a médica nefrologista Yara Gracia Lorena, para falar da caminhada até essa marca surpreendente. "O Hospital Samuel Libânio foi pioneiro na realização de transplantes renais no Sul de Minas. O primeiro deles foi feito em março de 1989 e o serviço de transplantes renais continuou até 1994, quando o serviço de hemodiálise foi interrompido. Até aquele momento foram realizados 45 transplantes", conta. A médica lembra ainda que, naquele tempo, os transplantes eram majoritariamente de doador vivo, porque não havia uma estrutura organizada para a captação de doador falecido.
Foi no ano de 2008 que o serviço de transplante renal voltou para Pouso Alegre, com o apoio dos dirigentes da FUVS. Desde o primeiro procedimento dessa nova etapa, ocorrido no dia 5 de janeiro de 2008, já foram realizados 117 transplantes: 22 com doadores vivos e 95 com doadores falecidos. Atualmente o Hospital Samuel Libânio é a única referência no Sul de Minas para transplante renal, tendo um índice de óbito de apenas 8% dentro das taxas mundiais previstas, chegando a transplantar sozinho no ano de 2012 mais que o Estado inteiro da Bahia.
Um transplante renal envolve, pelo menos, 15 profissionais entre, nefrologistas, intensivistas, enfermeiros, psicólogos, anestesistas, imunologistas, cirurgiões vasculares, além dos envolvidos com a logística das doações, como o MG Transplantes e a Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT). Assim, existem os doadores vivos e falecidos. A coordenadora de transplantes renais do HCSL, Yara Lorena esclarece que, no caso de doadores vivos, "não basta querer doar um rim, é necessário ter ótimas condições de saúde e ter a aprovação dos médicos que devem estar convictos de que aquele órgão não fará falta à pessoa doadora", disse.
No caso de doadores falecidos é necessário o receptor entrar em uma fila virtual de transplantes. Essa fila é estadual e, em Minas Gerais, coordenada pelo MG Transplantes. Para fazer parte dela é necessário submeter-se a uma bateria de exames após indicação médica de transplante. A partir daí seus dados genéticos serão cadastrados e caso seja encontrado um doador compatível, com morte encefálica comprovada e a família aceite fazer a doação, o transplante é realizado. Para determinar morte encefálica é preciso que dois neurologistas tenham examinado esse paciente em momentos diferentes e cumprindo o protocolo dos exames previstos em lei.
Dra. Yara Lorena explica que existem muitas questões éticas que envolvem o transplante de órgãos. "As famílias não podem ficar sabendo quem é o doador e o receptor. Você não pode realmente expor nenhum paciente, nem o que doou, nem o que recebeu. Assim, o processo é complexo, mas tem que ser rápido. Depois de uma bateria de exames e de saber com certeza que o falecido pode doar, aí se aborda a família e poderá haver negação. Então, o Estado investe porque para se abordar a família, tem todo um processo prévio. E o doador pode doar múltiplos órgãos. Conclusão, para o Estado abordar se já sabe dos detalhes, ou seja, há muito investimento na possibilidade de transplante e muitas vezes perde-se a oportunidade. Por isso, quem deseja ser um doador, deve deixar isso claro para a família".
A tendência é que o número de transplantes cresça no HCSL, por causa da melhor infraestrutura existente atualmente, mas a nefrologista Yara Lorena adverte que "temos ainda muitos ajustes a fazer; quer nas vagas necessárias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI); quer na logística do Serviço Nacional de Transplantes que, em última análise determina e distribui os órgãos doados. Muitas vezes as más condições dos aeroportos do Sul de Minas prejudicam a logística dos transplantes. Órgãos como coração e pulmões tem um tempo estimado de duas horas de espera. No entanto, as aeronaves não conseguem pousar aqui porque o aeroporto não é iluminado e isso restringe a ação, obrigando as equipes a procurarem em Varginha ou Alfenas e chegarem de carro até o Samuel Libânio, com perdas de tempo", disse.
Os transplantes podem ser realizados com vários órgãos. Quando o doador é cadáver, podem ser doados córneas, coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas e ossos. No caso de doadores vivos pode-se doar um dos rins, a medula óssea, uma parte do fígado, uma parte do pulmão e uma parte do pâncreas. No Brasil, doadores falecidos só podem doar com autorização da família e doadores vivos apenas se forem parentes até quarto grau, ou com autorização judicial. Caso você queira ser um doador, avise seus familiares. Se quiser ser um doador de medula óssea cadastre-se em: www.inca.gov.br.
Por Lucas Silveira Ascom/FUVS
Dra. Yara Gracia Lorena é coordenadora de transplantes renais do HCSL
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