Coordenador do curso de Medicina da Univás fala sobre mudanças propostas pelo Governo Federal
O Governo Federal anunciou nesta segunda-feira, 8 de julho de 2013, a elevação da carga horária dos cursos de medicina da rede pública e privada do país de 6 para 8 anos de duração. A partir de janeiro de 2015, os estudantes que ingressarem nas faculdades de medicina terão de cumprir obrigatoriamente um ciclo de dois anos da grade curricular no Sistema Único de Saúde (SUS). Nesse período extra, chamado de "2º ciclo" pelo Governo Federal, o médico continuará em formação, trabalhando exclusivamente em Postos de Saúde, Pronto Socorros e no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), sempre vinculado à instituição de ensino original, ou seja, não poderá dar plantão por fora nem abrir consultório.
Com a mudança idealizada pelo Governo Federal, o acadêmico de Medicina receberá uma bolsa do Ministério da Saúde, com valor ainda não definido (a expectativa é que fique entre R$ 3 mil e R$ 8 mil). Essa medida faz parte de um pacote de ações na saúde anunciadas pela presidente Dilma Rousseff. Entre elas, está ainda a vinda de médicos estrangeiros para o país.
Para o coordenador do curso de Medicina da Universidade do Vale do Sapucaí (Univás), professor Antônio Carlos Aguiar Brandão, a implantação desse modelo acarretará na diminuição ou atraso na formação de médicos especialistas. "Hoje já é presenciada ausência de profissionais nas áreas como: Pediatria, Ortopedia, Anestesiologia, dentre outras. Essa proposta de modelo trazida como novidade já é parcialmente utilizada na graduação do curso de Medicina, durante os estágios realizados nos quintos e sextos anos. Assim, não me parece que essa proposta acrescente grandes mudanças na formação do médico recém formado. Outro dado negativo é o fato de que os médicos recém formados apresentam uma pequena experiência profissional para trabalharem em lugares com mínima infraestrutura e sem preceptoria adequada. Ao contrário daqui, países como a Inglaterra proporcionam condições que fazem com que o médico procure de maneira espontânea a opção de trabalho no interior. O fato é que hoje observarmos um menor número de médicos em determinadas regiões do Brasil, e isso é consequência da falta de estrutura que os permita exercer uma medicina de qualidade e com segurança", afirma o professor.
O coordenador do curso de Medicina da Univás aponta ainda outro fator que contribui para o problema da Medicina no país. "O que ocasiona a falta de médicos em determinadas regiões do Brasil é a ausência de um plano de carreira que o possibilite ter garantias constantes na CLT como: salário condigno e estabilidade no emprego. A entidade maior da classe dos médicos, o Conselho Federal de Medicina (CFM), vê essa medida do Governo Federal como eleitoreira, enganadora, vazia e sem consistência. Acredita que essa imposição é uma medida arbitrária e caracterizada como serviço civil obrigatório. Sendo assim, irá lutar contra a sua aprovação no Congresso Nacional e posteriormente, caso seja aprovada, recorrer ao Supremo Tribunal Federal", finaliza.
Por Lucas Silveira Ascom/FUVS
O coordenador do curso de Medicina da Univás, professor Antônio Carlos Aguiar Brandão
Com as mudanças propostas pelo governo federal o curso de Medicina passará de 6 para 8 anos
O curso de Medicina da Univás é oferecido há quase meio século
|